O Governo de SP, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, anunciou na última quinta-feira (31 de outubro), o Programa Estadual de Incentivo ao Cultivo de Coffea Canephora, iniciativa para fortalecer o setor cafeeiro paulista.
A ação, oficializada no Instituto Biológico (IB-Apta), pretende revitalizar a cafeicultura nas regiões oeste e noroeste do estado, levando desenvolvimento rural e regional.
O Programa, em parceria com a iniciativa privada, deve beneficiar 20 mil produtores e irá movimentar R$500 milhões para a infraestrutura produtiva, permitindo que produtores rurais ampliem o cultivo a partir de um novo tipo de grão, o canephora, impulsionando a competitividade do setor para atender à crescente demanda do mercado nacional e internacional. As diretrizes da ação contemplam, também, a inovação e a sustentabilidade da cafeicultura paulista, que já foi referência na produção cafeeira do país, com o café arábica.
“Acreditamos muito nesse formato de parceria público/privado e no que ele pode trazer de benefício para agricultura paulista e para o produtor do Estado de São Paulo. O Canephora SP chega para diversificar a pauta do nosso agronegócio e fortalecer o desenvolvimento da cafeicultura do Estado”, afirma Neto Colombo, diretor de operações da Indústrias Colombo.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) atuará em um modelo de gestão participativa para integrar toda a cadeia produtiva, em parceria com a Câmara Setorial do Café e com o setor privado, além das parcerias da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP).
"A região oeste do estado de São Paulo, com sua vantagem hidrográfica, tem potencial para o cultivo do café canephora, cultura que agrega sustentabilidade financeira e ambiental. O programa irá gerar oportunidades para o produtor recuperar pastagens degradadas, além de aumentar sua rentabilidade”, afirmou o secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai.
Para Carlos Nabil Ghobril, coordenador da Apta, a integração dos institutos de pesquisa da SAA é essencial para esse tipo de política pública. “Com o melhoramento dos cultivares, produzimos conhecimento científico de grande valor para a produção agropecuária, gerando tecnologia de ponta para oferecer melhores resultados à população”, destacou.
O interesse pelo café Canephora vem crescendo no mercado internacional. Mais adaptado a climas mais quentes e úmidos, tem vocação para ser cultivado no oeste paulista. Em média, o Canephora tem uma produtividade 60% maior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“Com muita dedicação, muita pesquisa, conseguimos juntar todo o setor produtivo para anunciar esse programa. Por meio das Câmaras, nos aproximamos do setor de forma ininterrupta. E essa é uma iniciativa que reúne todo o corpo da secretaria para unir esforços. É uma realização conseguir juntar tantas pessoas em um objetivo convergente”, comemorou José Carlos de Faria Jr, coordenador das Câmaras Setoriais e Temáticas da Secretaria de Agricultura.
Ana Eugênia de Carvalho Campos, diretora do Instituto Biológico, também esteve presente na cerimônia, destacando a história da instituição, que se aproxima de seu centenário com contribuições pioneiras na produção científica agropecuária e na transferência de conhecimento à sociedade.
Diretrizes do Programa Estadual de Incentivo ao Cultivo de Coffea canephora no Estado de São Paulo:
- Validar e difundir tecnologias relacionadas ao cultivo do Coffea canephora, adaptadas às condições edafoclimáticas, especialmente do Oeste Paulista;
- Estimular a produção de mudas de alta qualidade genética e fitossanitária, garantindo a sustentabilidade dos cultivos;
- Implementar vitrines tecnológicas e áreas piloto em localidades estratégicas, visando demonstrar práticas recomendadas e resultados obtidos;
- Capacitar técnicos e produtores rurais por meio de palestras, treinamentos, dias de campo e outros eventos de transferência de conhecimento;
- Promover parcerias público-privadas, incentivando a participação de empresas dos setores de torrefação, solubilização, máquinas, implementos, irrigação e comercialização.
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O Café Canephora
O café Canephora (conilon e robusta) é uma das duas principais espécies de café cultivadas, comercialmente, ao lado do café arábica. O Canephora representa cerca de 40% da produção mundial de café. Os maiores produtores de Canephora são o Vietnã, seguido de países como Brasil, Indonésia, Índia e Uganda. O Vietnã lidera o mercado global de exportação de robusta, com grande parte destinada à produção de café instantâneo.
Embora o Brasil seja mais conhecido pelo café arábica, a produção de Canephora vem crescendo, especialmente nos estados do Espírito Santo (ES), Bahia (BA) e Rondônia (RO). Aproximadamente 30% da produção de café no Brasil é de Canephora. O ES responde por cerca de 65% do Canephora produzido no Brasil, seguido por RO e BA e agora, a partir desse Programa, São Paulo poderá a médio prazo começar a figurar nessa estatística.
A demanda por café Canephora vem crescendo em âmbito mundial, especialmente para o mercado de café solúvel e como base para blends de café, devido a sua característica de proporcionar uma bebida mais encorpada e com menos acidez. Atualmente, o preço pago ao produtor está próximo do preço do café arábica e com sua produtividade superior torna-se um bom negócio e uma oportunidade para os produtores rurais paulistas.
Benefícios
O Canephora é mais adaptado a climas mais quentes e úmidos, tendo um bom desempenho em regiões com essas condições, como o oeste paulista. Em média, o Canephora tem uma produtividade maior ( + 60% em 2023, segundo a Conab – Companhia Nacional de Abastecimento) em termos de sacos por hectare, o que é vantajoso para os agricultores.